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"Sempre associei meu projeto de trabalho ao meu projeto de vida. 

Nasci na Grécia e vim para o Brasil com seis anos de idade.  Tive o privilégio de viver entre estas culturas muito diferentes e compartilhar os momentos bons e ruins destes dois povos tão intensos.  Meu contato com a arte de pintar, desenhar, rabiscar, começou desde muito cedo e percebi que esta seria a minha vocação.  Meu trabalho está ligado à natureza, raízes, lembranças, ruínas, com um profundo significado pessoal.  Desde pequena, o fato de me sentir estrangeira, com memórias e situações vividas no passado, levou-me a tentar expressar na pintura o que não conseguia nas palavras.
Nesta exposição, na Galeria de Arte do Clube Paulistano, com curadoria de Sergio Scaff e Bel Lacaz, apresento séries recentes de pinturas, desenhos e gravuras, e o lançamento de um catalogo com vários trabalhos da minha trajetória. O tema em meus trabalhos serve como um pretexto  para desencadear um processo de muita reflexão e envolvimento. Através de símbolos, apagamentos e elementos de desconstrução, procuro nos bastidores da origem, as inquietações, e o que estaria por detrás delas.  É um processo sem fim, uma tentativa de explicar o inexplicável.
O que me impulsiona a começar uma série nova de trabalhos é geralmente algum acontecimento pessoal ou social, ou algum resgate de memória.  Por exemplo, a série  “Histórias Não Contadas” surgiu depois de uma viagem à Grécia, ao presenciar passeatas e o desespero do povo com cartazes dizendo “roubaram nossa vida”.  Isto me tocou profundamente e tentei registrar este momento impactante.

Busco em meu trabalho encontrar casualmente a realidade e não construí-la.  Desta forma fica sempre aberta a questão da duvida e a procura incessante de algo extraordinário. O olhar que trago nas narrativas não é nostálgico. A memória serve como referência fundamental para o envolvimento entre minhas origens e meu mundo atual."

Ninetta Rabner

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